No carro

falam sem rodeios sobre a "morte".
- A Mãe vai morrer!
- Sim, um dia.
- É hoje?
- Não, ainda falta muito...
- É no verão?
- Não, Leonor... só quando for muito velhinha!
- E eu vou comprar coisas giras para a Mãe levar para o céu... tudo cor-de-rosa.
- Obrigada.
- E depois, ficamos sem mãe? - interviu a Catarina, até aqui, mera ouvinte.
- Arranjamos outra, pois é Mãe???
- Claro!!!
- Pode ser uma que fale à brasil?
- Ou que fale inglês!!! - rematou a Catarina.

À conversa

com a Leonor e após uma "aula" com a Irmã C., que é responsável pedagógica da escolinha:
- Mãe, quando morremos vamos para o céu!
- Sim, filha.
- Como é que vamos?
- Os anjinhos vêm buscar-nos.
- Não é isso... como é que eles nos vêm buscar?
- Vêm de noite quando mais ninguém está a ver...
- Não é isso... como é que eles nos levam...
- Pegam em nós, que já estamos adormecidos...e...
- A Mãe não está a perceber... Vamos como? Num carro? Num avião? Como?

Começam cedo as perguntas difíceis!!!

Linguagem

Tanto eu como o meu marido temos algum cuidado com a linguagem e excusamo-nos a utilizar palavrões ou muletas de linguagem. Já o era quando não tinhamos filhos, o cuidado é maior desde que as tivémos. De vez em quando deixo soltar um "chiça", um "pôssa" (isto existe??), ou um "caraças", e sinto na pele o ar reprovador das minhas filhotas que pelo tom percebem que aquilo não se diz.
Ontem, enquanto faziam o jogo dos contrários, comecei a ouvir na cozinha:
- Ena pá, c'um catano, vai buscar!!!
E as peças encaixadas eram atiradas para dentro da caixa, como se jogassem à sueca.
Cada contrário concluído e a frase repetia-se. Imaginei ouvir a frase 24 vezes e dirigi-me á sala.
- Ena pá, c'um catano, vai buscar!!!
- Aprenderam isso na escola?
- Não, são uns senhores na televisão que dizem!
- Glup... - engoli em seco. Lembrei-me que era o anúncio na PT.
- Ena pá, c'um catano, vai buscar!!!

Manda a tradição que a árvore de natal seja montada no dia 8 de Dezembro. Como a tradição já não é o que era, lá em casa a árvore já está montada desde o dia 16 de Novembro, ou não tivesse eu uma árvore enorme, cheia de penduricos, e 2 crianças muito apressadas para que o natal chegue. Com a ajuda da Leonor e Catarina a árvore foi montada e aos poucos foram-se acumulando bolas, laços e bonecos de um só lado e até ao nível das suas cabeças. O resultado foi uma árvore decorada até meio... mas que elas acharam linda. Como que por magia no dia seguinte ainda a acharam mais bonita, já que os enfeites se tinham dividido e agora a árvore é um todo. A Maria tem ajudado na decoração e vai adicionando molas da roupa de cores variadas... Uma ideia original da pequena que não participou na decoração.

Já o presépio, tambem atempadamente tirado da caixa, tem lugar de destaque debaixo da árvore. As figuras vão mudando de sítio e não raras vezes encontro 2 reis magos no papel de Maria e José, com os próprios afastados em direcção ao casal da realeza. Outras vezes as figuras são colocadas em fila indiana ou em triangulo (lembrando os pinos do bowling). Pelo menos este ano mantenho apenas as figuras do presépio original e já perceberam que os amigos do noddy, os carrinhos e outros bonecos não fazem parte do conjunto.

As rimas

As minhas filhas andam numa classe heterogénea, com meninos de 3, 4 e 5 anos. O método parece-me bom, até agora, pois cria nos mais velhos um sentido de protecção e responsabilidade pelos pequenitos, e por outro lado aguça o interesse dos mais pequenos pelas actividades dos mais crescidos.

À hora da sesta, enquanto as minhas filhas dormem (ou tentam, porque eu acho que elas não dormem nada), no mesmo espaço os mais velhos dão largas à imaginação, fazendo actividades próprias da idade, tais como a iniciação à matemática, à lingua portuguesa, etc...

Quando as vou buscar fico com a certeza de que passaram uma tarde de olhos bem abertos, pois sabem exactamente o que os da pré-primária (os heróis do momento) aprenderam, e parece que ultimamente andam a aprender as rimas.

De manhã, à ida para a escola exercitamos a lição:

Leonor - rima com flor, senhor doutor, amor, tenho uma dor
Maria - rima com pastelaria, taco de pia
Catarina - rima com marina, nectarina
Claudia - Help me please!

As minhas filhas são citadinas!!!

Prova disso é o facto de confundirem um cão com uma ovelha!

Que me lembre

só entrei em "desespero" com as gémeas uma vez. Nesse dia maldisse a vida, a minha Mãe que não chegava, o telefone que não parava de tocar, o meu marido que estava a trabalhar, o carteiro que tinha decorado a minha campaínha, os carros que buzinavam na rua, etc... Nesse dia, tinham elas apenas 2 meses, tentei mudar uma rotina já tão enraízada. A Leonor sempe foi a mais paciente e a Catarina a de choro fácil. Bastava uma palavra noutro tom, um olhar diferente, uma outra forma de lhe pegar e era vê-la aos gritos pela casa, comigo a tentar acalmá-la. Era a Catarina a 1ª a comer, a 1ª a tomar banho, etc... enquanto a Leonor esperava pacientemente pela sua vez. Nesse dia resolvi alterar a ordem das coisas, afinal eu era a Mãe, e com a Catarina já acordada à espera do seu leite, peguei na Leonor, também ela acordada e coloquei-a em posição de aleitamento. A Leonor não tinha dado 2 goles e já me tinha arrependido da proeza. Já era tarde... enquanto a Catarina gritava apercebendo-se que tinha sido passada para trás, a Leonor gritava pois tinha provado algo saboroso que queria acabar, e eu chorava, maldizendo tudo e todos. Foi nesse dia que aprendi a dar leite às duas ao mesmo tempo, com a ajuda de muitas almofadas.

Ainda hoje quando me perguntam se quando uma chora a outra também chora (acho que é a pergunta que mais me fizeram até hoje) eu respondo que não... mas lembro-me sempre deste episódio!

Casinha de bonecas

Este fim de semana resolvemos prosseguir com o nosso projecto (Verão 2006) de fazer uma casinha das bonecas para as imensas Barbies lá de casa. De um móvel velho cujo destino era o caixote de lixo mais próximo, a um T1 (as bonecas têm que alternar o horário de dormir) remodelado e decorado com materiais escolhidos para o efeito, o objectivo foi alcançado!! Claro que ainda precisa de uns melhoramentos, não têm WC (como é que não pensámos nisto??), só tem 1 quarto, etc... Para breve, um anexo!!!!

O Festival de chocolate

deixou marcas na Maria!!!